Guerra Fria
As ditaduras na América
Latina se estabeleceram no período em que a ordem internacional sofria
pelos enfrentamentos da Guerra Fria. Na época, os Estados
Unidos desenvolveram uma série de mecanismos de combate ao
expansionismo comunista. Já nos anos 1950, fora estabelecida pelas
autoridades
do país a Doutrina de Segurança Nacional, cujas diretrizes procuravam
combater o “perigo vermelho” dentro e fora do território
norte-americano.
Neste contexto, e notadamente a partir da Revolução Cubana e da ascensão do governo comunista de Fidel Castro, os EUA viriam a intensificar a vigilância sobre a América Latina. Tal preocupação originou, por exemplo, a Aliança para o Progresso, programa instituído por Washington conjuntamente a diversas lideranças latino-americanas, através do qual buscava-se melhorar os índices socioeconômicos da região e, concomitantemente, frear o crescimento das alternativas socialistas.
No
entanto, a despeito de tais esforços, grupos de esquerda e simpatizantes da
causa comunista floresceram em diversas nações do continente. Frente a isso, e não
raramente com auxílio estadunidense, forças conservadoras se mobilizaram
nessas regiões e, atendendo a demanda de diversos setores da sociedade civil,
apoiaram a instituição de governos militares. Através de golpes de Estado
sucessivos, a América Latina assistiu nos anos 60 e 70 a ascensão de inúmeras
ditaduras militares.
Neste contexto, e notadamente a partir da Revolução Cubana e da ascensão do governo comunista de Fidel Castro, os EUA viriam a intensificar a vigilância sobre a América Latina. Tal preocupação originou, por exemplo, a Aliança para o Progresso, programa instituído por Washington conjuntamente a diversas lideranças latino-americanas, através do qual buscava-se melhorar os índices socioeconômicos da região e, concomitantemente, frear o crescimento das alternativas socialistas.
Envelope em homenagem à Aliança para o Progresso (Foto: Divulgação)
Operação condor
Marcha da família com Deus pela liberdade - Brasil (Foto: Reprodução)
Se por um lado são
evidentes as relações entre tais golpes militares e os interesses do
capitalismo norte-americano, por outro é igualmente inegável o apoio despejado
por boa parte da população latino-americana à chegada ao poder desses governos.
Acreditava-se que somente através de administrações fortes, comandadas pelo
ímpeto dos militares, estaria garantida a urgente defesa contra a ameaça
comunista.
Neste
sentido, podemos verificar um espantoso número de movimentos civis que se
proliferaram em favor das intervenções militares em boa parte do continente.
Muitos desses foram arquitetados por setores da classe média, do empresariado
nacional, das oligarquias locais e até mesmo da Igreja Católica, temerosos que
o exemplo de Cuba viesse a se espalhar por nações vizinhas.Operação Condor e repressão
General Pinochet no Chile (Foto: Reprodução)
Contra esses “inimigos da ordem”, as ditaduras se utilizavam de tantos outros expedientes. A repressão fora instituída nas suas mais diversas facetas, sendo a censura aos meios de imprensa oficializada e a tortura legitimada juridicamente. Exílios, prisões e desaparecimentos de perseguidos políticos também se fizeram cotidianos em países como Chile, Uruguai, Argentina, Bolívia e Brasil.
Crescimento e crise
A grande popularidade obtida por alguns desses governos esteve relacionada ao relativo crescimento econômico que alcançaram em determinados períodos. Vinculadas ao grande capital internacional, destacadamente às diretrizes norte-americanas, as ditaduras latino-americanas obtiveram os investimentos necessários ao fortalecimento de suas economias. Assim, a pujança financeira parecia legitimar os autoritarismos estatais.
No entanto, a inserção desses países na ordem neoliberal não garantiu necessariamente a melhoria dos índices sociais, notadamente daqueles referentes aos grupos menos abastados. Ao contrário, o Estado cada vez mais se distanciou da tarefa de garantir os mínimos parâmetros sociais, subjugando as parcelas mais humildes desses países.
Em fins dos anos 70, com a inflamação dos movimentos de oposição, essas ditaduras começaram a dar os primeiros sinais mais evidentes de fragilidade. Internacionalmente, havia igualmente um cenário favorável à redemocratização das instituições políticas. Nos EUA, com a derrota do país na Guerra do Vietnã e ascensão do governo Jimmy Carter, cresceu a pressão por um posicionamento mais claramente contrário às experiências autoritárias na América Latina. A própria Igreja Católica, em muitos casos entusiasta dos golpes militares, passara a criticar de modo mais veemente os abusos cometidos por tais governos.
Comissões da verdade
As ditaduras
latino-americanas tiveram fins distintos. Em alguns países, como na Argentina e
Chile, tais experiências foram tratadas como Terrorismo de Estado, sendo
muitos dos seus responsáveis punidos pela sociedade civil. Já em outros casos,
como no Brasil, os autores das violências e autoritarismos cometidos foram
anistiados por dispositivos legais, muitos dos quais criados pelos próprios
governos militares (como a brasileira Lei da Anistia).
Posteriormente, as Comissões da
Verdade cumpriram o importante papel de investigar o passado e denunciar os
horrores cometidos pelas ditaduras. Buscaram igualmente elucidar a
contemporaneidade acerca das condições históricas que possibilitaram tais
experiências. No Brasil, a Comissão Nacional da Verdade só veio a ser criada
em 2012 com o objetivo de investigar as violações cometidas contra os
Direitos Humanos no período de 1946 a 1988.
Estabelecimento da Comissão Nacional da Verdade (Foto: Divulgação)
Questão comentada
(Fuvest 2009) Existem semelhanças entre as ditaduras militares brasileira (1964-1985), argentina (1976-1983), uruguaia (1973-1985) e chilena (1973-1990).Todas elas:
a) receberam amplo apoio internacional tanto dos Estados Unidos quanto da Europa Ocidental. b) combateram um inimigo comum, os grupos esquerdistas, recorrendo a métodos violentos.
c) tiveram forte sustentação social interna, especialmente dos partidos políticos organizados.
d) apoiaram-se em ideias populistas para justificar a manutenção da ordem. e) defenderam programas econômicos nacionalistas, promovendo o desenvolvimento industrial de seus países.
Gabarito comentado: a opção correta é a letra B, pois caracteriza corretamente aspectos convergentes entre as experiências ditatoriais abordadas na questão, ou seja, o combate violento às forças identificadas com “projetos de esquerda”, notadamente aqueles simpatizantes dos ideais comunistas.
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